Feminismo e contradições
Mulheres Bíblicas: PARTE II
Miriam
Quem foi Miriam?
Miriam é mencionada na Bíblia como a irmã mais velha de Moisés e Arão. Desde sua infância, Miriam mostrou-se uma mulher corajosa e líder inspiradora. Ela desempenhou um papel significativo na libertação do povo de Israel da escravidão no Egito. Sua história está registrada nos livros de Êxodo e Números.
Miram é filha de Joquebede. Sua mãe, confiando em Deus, escondeu Moisés em uma cesta e o depositou nas águas do rio, esperando que ele fosse protegido. Curiosamente, a filha do faraó encontrou a cesta e decidiu adotar o bebê como seu próprio filho. Na época, o faraó do Egito havia ordenado que todos os bebês hebreus do sexo masculino fossem mortos. Como Miriam vigiava de longe o que aconteceria ao irmão, quando a filha do faraó pegou o menino, Miriam se ofereceu para buscar uma ama entre as hebreias que pudesse criar Moisés. Assim, Joquebede acabou sendo contratada para criar o próprio filho como ama até que ele crescesse.
Miriam demonstrou coragem e cuidado ao acompanhar o destino de Moisés (Êxodo 2, 4). Também soube intervir com cautela no momento necessário quando ofereceu buscar uma ama para a nova criança. (Êxodo 2, 7-9).
Mais tarde, se tornou uma líder influente entre os israelitas. Ela foi uma profetisa e desempenhou um papel crucial na jornada do povo pelo deserto. Seu cântico de louvor após a travessia do Mar Vermelho é registrado em Êxodo 15.
Em suma, Miriam é uma figura essencial na proteção e criação de Moisés, além de desempenhar um papel significativo na história de libertação de Israel.
A história de Moisés muitas vezes se concentra apenas na figura dele. Muitas vezes é esquecido que existes personagens coadjuvantes por trás de todo protagonista. Na Bíblia, isso não é diferente. Moisés existe devido a audácia de sua mãe e irmã. Se tentarmos mergulhar na história, certamente o faraó sabia que o bebê acolhido por sua filha era um hebreu. E provavelmente não gostou da sua filha ter acolhido um de seus inimigos. Contudo, não teve coragem de mostrar o carrasco que era para sua filha.
Por outro lado, a mãe de Moisés arriscou uma dose de ousadia ao colocar o cesto com o bebê onde a filha do faraó se banhava. O desfecho poderia ter sido diferente.
Miriam, assim como sua mãe Joquebede, é uma figura feminina que quebra o discurso de que as mulheres não são ouvidas e que a Bíblia não dá importância às mulheres. Miriam é mais uma prova de contradição para o feminismo, que muito prega e pouco interfere nas necessidades reais das mulheres.
Não era uma boneca
Infelizmente, por mais que a Bíblia contenha palavras de esperança, nem sempre a realidade é tão reconfortante. Acabamos de passar pela segunda data festiva no Brasil mais lembrada do ano, o dia das mães. E quantas mães deixaram de celebrar esse dia por conta de uma tragédia? Uma calamidade, uma fatalidade, uma perda irreparável.
Estamos em maio de 2024, no estado brasileiro Rio Grande do Sul. Muita chuva é anunciada. Uma barreira se rompe. Casas são levadas durante a madrugada. Vidas são retiradas pela água. Se por um lado alguns renascem pela água, assim como Moisés que foi resgatado, por outro lado, temos muitos arrastados pela força das águas.
A água não teve misericórdia alguma. A mídia menos ainda. A água não tem consciência, só passa e arrasta o que vê pela frente. O ser humano, não. O ser humano tem consciência e poder de escolha. Enquanto, alguns perdiam suas vidas; outros vivenciavam um verdadeiro circo dos horrores.
A vida deixou de ter valor. A vida deixou de ter valores cristãos. A vida não vale mais nada. E da noite para o dia, famílias inteiras sumiram do mapa. Da noite para o dia, perdeu casa, perdeu trabalho e carro, perderam mãe, pai, tio, tia, filhos, crianças e bebês. A vida é passageira. No resgate de barco, a boneca na água não era uma boneca. A vida se perdeu diante da água e do barro.
Enquanto, uns largaram tudo para se doar e fazer seu povo ter um pouco de esperança no dia de amanhã; outros, buscam holofotes para autopromoção. Outros divulgam chaves Pix falsas para lucrarem em cima da desgraça alheia. Porem, nem tão alheia. É humano como a gente, desaparecido no meio do barro e da lama.
Verdade seja dita. A desgraça pode parecer que acontece só com o vizinho. Mas somos vizinhos dos nossos vizinhos. O desdém feito ao outro hoje, pode ser feito a nós no futuro.
Era um bebê morto!
Não era uma boneca. Era um bebezinho afogado pela força sem escrúpulo algum pela força da correnteza. Podia ser o meu bebê, podia ser o seu bebê. Era o bebê de uma mãe. Mãe perdida e abandonada. Será que mãe viva?
Até quando vamos deixar o sofrimento do nosso povo de lado e fechar os olhos acreditando que o problema não é nosso, não é meu?
Até quando vamos deixar que o descaso com o nosso povo mate nossos bebês? Nosso futuro? Nossa próxima geração?
Até quando vamos nos calar e continuar coniventes com o descaso dos governantes? Até quando seremos coniventes com a maldade? Até quando?
Você mais uma vez, está sendo convidado a fazer a diferença!
Seja corajoso, seja forte, seja audacioso.
Seja como Miriam, uma irmã cautelosa e zelosa.
Assim como Miriam intercedeu pelo seu irmão, sejamos também intercessores dos que sofrem.
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 42 - ISSN 2764-3867
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