MENEZES COSTA
"Com conhecimento se constrói cidadania!"
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- No apagar das luzes
A alegoria da caverna de Platão ensina que a verdade pode estar além daquilo que podemos ver, mas que aqueles que não a buscarem permanecerão sob as trevas, iludidos e tomados pelo medo do desconhecido, para alguns, liberta-se da escuridão é o suficiente, mas há quem, mesmo arriscando perder tudo, imbui-se de um dever maior. O de levar luz às trevas ou, ainda mais difícil, conduzir aqueles que estão envoltos pelo temor à área externa da caverna, libertando, não apenas a sua alma, mas tantas outras quanto puder salvar. Aquele que, mesmo arriscando a vida movido pela compaixão, decide voltar à caverna para despertar os outros prisioneiros, pode ser uma metáfora para apresentar um indivíduos que, uma vez ciente da verdade, assume o pesado fardo de convencer os que estão em estado de cegueira, da existência de muito mais do que acreditavam ser todo o mundo. Infelizmente, ao tentar chamar para a luz os prisioneiros, libertando-os das amarras, ter-se-á como adversário todo aquele que tira vantagem da cegueira dos cativos, logo, quando os prisioneiros serve a alguém, não será tão simples tentar trazê-los para fora da caverna, haja vista que, ao experimentarem a liberdade, deixarão de servir seus aprisionadores. Tentar soltar os cativos é uma ameaça direta aos senhores daqueles aos quais tamanha compaixão se direciona, levar luz aos escravos das trevas é uma declaração de guerra aos que se alimentam da condição daqueles que não podem enxergar, como libertar escravos é uma afronta aos senhores de escravos. Portanto, qualquer um que tente tirar os prisioneiros da caverna estará se afirmando como opositor àqueles que outrora conduziram e acorrentaram os cativos. Recentemente, a ditadura cubana suspendeu o fornecimento de energia por diversas horas, submetendo os cidadãos daquele país insular a mais uma moléstia resultante do socialismo, sendo alegado o mau funcionamento de algumas usinas de energia, devido à ausência de manutenção, e a inoperância de outras em razão da falta de combustível. Ambos os apontamentos nos levam a uma reflexão simples, pois, se por um lado, o sucateamento de algumas usinas é espantoso, em se tratando de um país que alega ter abundância de engenheiros, o que, salvo se o tão exaltado sistema educacional cubano for uma fraude, não deveria ser um problema, diante da enorme quantidade de mão de obra qualificada, soma-se ainda a escassez de combustível, mesmo quando a nação submetida à ditadura castrista, sim, a família Castro é quem dá as cartas na ilha, mantém parcerias com grandes produtores de combustíveis fosseis, como a Venezuela e a Rússia. Os que ainda insistem em defender o socialismo, ideologia que, junto aos seus pares, deveria ter sido abandonada em razão de todo o estrago que causaram no século passado, mas, que não ousarei chamar de fracassada, uma vez que, considero que foi criada para servir tão somente os lideres revolucionários, logo, no que diz respeito em subjugar os indivíduos à elite socialista, tal ideologia se provou um sucesso incontestável, espalhando a miséria e vendendo como recompensa uma utopia paradisíaca que, na realidade, é experimentada pelos senhores, restando aos vassalos, alimentados por migalhas ou mentiras, culpa uma força externa ao regime. Tornar uma sociedade miserável é, sem dúvida, a melhor forma de domá-la, mas a miserabilidade não precisa ser necessariamente financeira, posto que, embora a falência economia seja um excelente método de aquebrantar um indivíduo ou sociedade, a degradação moral surtirá efeito ainda mais duradoura, de forma que, basta partir da seguinte premissa, fazer de uma pessoa ou grupo refém pela força fará com que busque meios de lutar contra a tirania, tão logo enxergue que limites foram ultrapassados, as pessoas levantar-se-ão contra o poder para lutar por liberdade, entretanto, se a prisão decorre de um estado de falência, será necessário se livrar da dependência econômica, haja vista que, não sendo prisioneiro da insegurança quanto às necessidades básicas, poderá o indivíduo buscar outras metas, o que, por vezes, o levará a reflexões mais profundas. Um grupo de pessoas privadas do básico, como água, comida e saneamento, sequer sabem qual o seu destino na próxima alvorada, portanto, não se pode exigir que lutem por liberdade, de maneira que, os que foram massacrados pela fome nos regimes totalitários eram incapazes de perceber o quão doentio era o sistema além de sua privação. A lista de Stalin, que enviavam diversos presos políticos para os sistema Gulag, a propaganda mentirosa do comunismo ou outras violações não eram preocupação para os ucranianos durante o Holodomor, posto que, sobreviver era a única coisa que podiam buscar, contemplando tão somente algo que lhes matasse a fome. Há um escalonamento em prática, de maneira bem simples, os líderes revolucionários mantém o controle sobre a sociedade por vias diversas, estando no primeiro e mais baixo nível os que estão sob o julgo da força, privados de se manifestar contra o regime pela imposição do medo, sujeitos ao castigo físico, como é o caso dos totalitários em seu ápice. Citar casos como campos de concentração ou reeducação, não há diferença real entra tais alcunhas dadas às prisões políticas de extermínio, as pessoas reféns do crime organizado nas favelas do Brasil, se é que tal prisão se limita às favelas no momento atual, bem como, toda a população de países como Coreia do Norte, Cuba, Venezuela e outros tantos exemplos, nos remete diretamente ao controle pela força. A imposição através da fome é constantemente usado como forma de enfraquecer uma sociedade ao ponto que, despidos do mínimo para a subsistência, não conseguirão, os indivíduos, reagir diante os desmandos e serão, facilmente, tomados pela força. Em um certo grau de miserabilidade, muitos são os indivíduos que aceitarão migalhas como pagamento o suficiente para açoitar seus pares, como jagunços a serviço de grandes tiranos, despidos de quaisquer valores morais , uma vez que, ao observarem o mundo que os cerca, consideram-se privilegiados diante da não privação do essencial. O controle pela força ou pela miséria são, sem dúvidas, os mais difíceis de se resistir, considerando que o martírio enfrentado no processo de libertação será, por vezes, impossível de suportar. Extermínio, por vezes em massa, é um obstáculo que poucos poderiam suportar, mesmo por ser uma questão supraindividual, não sendo uma faculdade daquele que busca a liberdade sobreviver a uma agressão perpetrada pela tirania que o pretende escravizar, somando-se o fato de que um liberto poderá encorajar mais indivíduos a saírem da caverna. Lutar contra um poder que é capaz de matar, aprisionar, torturar ou levar ao extremo uma situação de privação, pode ser um caminho sem volta e depende, sem dúvida de fatores externos, entretanto, não é tão fácil assim impor o poder por tais meios, tendo em vista que, o colapso no campo da miséria pode fazer com que parte considerável de uma sociedade se levante contra a tirana, sendo impossível controlar tal força, bem como, a fragmentação das tropas usadas para impor o controle pela força, em razão de parte de indivíduos divergir da elite central do poder ou, ainda mais grave, deixar se convencer que a luta para se livrar da tirania é o caminho certo, convertendo-se em uma força contrária à revolução. Manter uma grande força que é capaz de compelir toda uma população pela força não é algo tão fácil, mesmo os ditadores mais cruéis enfrentavam dissidentes que poderiam formar resistência ou mesmo se aliarem a uma já existente. Não por acaso, grande parte dos líderes totalitários promoveu expurgos entre seus correligionários, o mais famosos talvez seja o de Trotsky, realizado com sucesso por seu comparsa Stalin, quando o segundo se sagrou vitoriosos na luta pelo poder na nada saudosa União Soviética. O Comando Vermelho, grupo paramilitar revolucionário que nasceu sob a influência do pensamento socialista, implementando uma guerrilha narcossocialista que controla considerável área na região metropolitana fluminense, em que pese tenha se expandido e imposto o poder pela força, enfrentou o surgimento do Terceiro Comando, um grupo de dissidentes da própria guerrilha, e das denominadas milícias, conceito que abrange diversos grupos de caráter paramilitar. O Terceiro Comando se declarava como alternativa a sua facção embrionária, sendo uma força com características praticamente igual mas com pontos de divergência que sequer merecem consideração, em uma comparação simples, mas não tão rasa, como o nacional-socialismo (nazismo) se propõe como uma alternativa ao socialismo. De igual forma, poder-se-ia comparar as milícias às guerrilhas de menor porte que surgem como promessa de enfrentamento ao socialismo e acabam por se mostrar, como todo grupo revolucionário, uma alternativa tão somente aos líderes da revolução, escravizando aqueles que prometeu libertar para se tornar a tirania em substituição àquela que derrubara, algo muito comum nas guerrilhas socialistas no continente africano. Por outro lado, impor o poder não só pela força e a miséria, mas pela propaganda ou pela fraqueza moral é, em uma meta de longo prazo, muito mais eficiente, uma vez que, escraviza os indivíduos por aquilo que consideram como sua própria vontade, ou seja, faz com que se acreditem livre e suas decisões são, de fato, suas. Para tanto é preciso contaminar os valores da sociedade, corroendo alicerces que outrora serviram como base para sua criação, manutenção e evolução. Não é uma coincidência que todos os movimentos revolucionários que se autodenominam progressistas ou minoritários têm como alvo em comum o cristianismo, em especial a Igreja Católica, justamente, base edificante da sociedade ocidental, haja vista que, a civilização que se pretende corroer tem como sustentáculo primordial o cristianismo, sendo todas as sociedades influenciadas direta ou indiretamente pela Igreja Católica, pois surgiram sob a flâmula do catolicismo ou do protestantismo. A degradação moral está presente em todos os campos em que o progressismo consegue tocar, seja no discurso acadêmico, a política, no meio empresarial e cultural, buscando sempre usar de sua influencia, que inicialmente será mascarada como mera teoria da conspiração, para, ao ser exposta, apresentar-se como algo que não representa perigo algum ou está recheada de boas intenções. O simples fato dos progressistas esconderem suas ações ao máximo, deveria ser motivo suficiente para que o cidadão despreze tal prática atroz, ou, ao menos desconfie da real intenção de seus artífices. Naturalmente, qualquer um gozando do mínimo de sanidade, o que inclui este articulista, busca compreender os motivos dos indivíduos ainda considerarem as narrativas dos revolucionários, mesmo após sua farsa desnuda ser constatada como mero instrumento para propagar as ordens de seus senhores. Há quem ainda se permita sugestionar por artistas que outrora manifestavam pânicos diante de queimadas e juravam maldição contra quem ocupava posição de poder e, segundo a claque, nada fazia para salvar o munda da destruição pelo fogo, mas hoje, procuram outro bode expiatório e ignoram solenemente o que acontece na região pela qual fizeram juras de amores. Na verdade, embora tenham uma grande relação com o público, construída através de suas performances artísticas, quando confrontados com uma base argumentativa que os expõem, grande parte dos famosos perdem prestígio junto aos fãs e, consequentemente, reduzem seu poder de persuasão face sua “vítimas”. Por seu turno, a imprensa mainstream vem sofrendo uma crise em razão da perda de sua credibilidade, seja pela por sua flagrante parcialidade em relação aos fatos que atingem os interesses de seus mestres ou pela possibilidade de seu público-alvo buscar outras fontes de informação. O cartel de imprensa que já ousou se denominar consórcio quando, claramente, decidiu coordenar quais as informações poderiam ser levadas ao público e como seriam transmitidas, em especial, com que viés ideológico. A imprensa mainstream acabou por se revelar, aos que ainda não conseguiam ver, como nada além de um meio de propaganda que determina a direção para a qual cada indivíduo deve olhar, deixando evidente que tem um compromisso, que não é com a verdade como insiste em dizer, mas com seus líderes ou patrocinadores, neste último caso, não apenas as empresas, mas regime de governo. Embora o corte de luz em Cuba possa ser atribuído à crise energética, discurso que se repete a Venezuela, no país sul-americano, o apagão se agravou após o episódio em que a ditadura fingiu ter vencido uma eleição como forma de se declarar legítima, entretanto, o ditador Nicolás Maduro também suspendeu o funcionamento da rede social X , antigo Twitter, naquele país, alegando, o Conselho Nacional Eleitoral, órgão responsável pelo processo eleitoral questionado, que o dono da plataforma, Elon Musk, teria participação em um suposto ataque hacker com o fim de intervir nas, nada confiáveis, eleições. Por mais que pareça uma piada de mau gosto, o bloqueio da rede social cega grande parte do povo venezuelano em relação às notícias, deixando-o refém da emissora estatal do regime chavista. Despudorada, como quem se vende pelas migalhas do regime, a VTV (Venezolana de Televisión) exibiu em sua programação o desenho do “Super Bigote” (Super Bigode), uma peça de propaganda socialista de péssimo gosto e baixa qualidade na qual o ditador se transforma em um super-herói e enfrenta o bilionário que ameaça a “democracia” venezuelana. De fato é patético observar, de longe do alcance de suas garras, o papel ridículo que o ditador se submete para se manter no poder, todavia, se analisarmos pelo prisma dos venezuelanos, em especial os que não gozam de acesso a outro meio de comunicação, podemos assumir que, sendo a única fonte de informação possível, a emissora estatal acaba sendo levada em consideração e suas versões, apresentadas sempre sem um contraponto, tratadas como verdadeiras. Resta claro como, para o regime ditatorial que controla a imprensa, cegar a população em relação a qualquer outro meio de acesso a informação torna-se uma missão central, uma batalha de vida ou morte, pois, uma vez expostas suas mentiras, a crise de legitimidade se abaterá sobre a tirania, restando o uso demasiado da força para calar toda voz dissonante, o que, como um copo que transborda na mesa, não poderá ser ignorado. Os bloqueios contra a rede X em outros países como Rússia, China, Cuba, Irã, Coreia do Norte e outros países totalitários têm o mesmo propósito, que é manter os cidadãos cegos, reféns da informação centralizada em meio que são, na melhor das hipóteses, parceiros dos regimes. Por outro lado, a imprensa tradicional, escolhida pelos tiranos como guia dos cegos, arrasta, sem o menor pudor, todos aqueles que a seguem ao precipício, pois, sua servidão em relação aos déspotas decorre do amor fraterno pela revolução ou das regalias que goza ao servir como jagunço. Mesmo alegando ser a imprensa essencial à democracia, há meios que conspiram contra a liberdade de informação, relatando que o sistema da Starlink, outra empresa de Elon Musk, serve para burlar as regras de alguns países, todavia, quando se observa a matéria , nota-se de que tipo de regime a internet por satélite pode libertar as pessoas, em que pese, a empresa em si não seja a responsável pelo uso indevido, sendo resultado de manobras de grupos ou indivíduos. Além do mais, não seria prudente rechaçar o uso de uma tecnologia devido aos poucos casos em que se dá a ela destino diverso para o qual fora implementada. Em verdade, ao impedir o acesso à internet em países sujeitos a regimes totalitários, impede-se que graves violações sejam denunciadas ao resto do mundo e que os cativos em determinadas nações tenham acesso livre à informação, incutindo narrativas como verdades ao passo que calam aqueles que argumentam em contrário. Uma apresentadora da emissora GloboNews sugere em uma matéria que o bloqueio da rede X no Brasil pode ter como um dos fundamentos a não participação de usuários da rede no processo eleitoral dos municípios , uma suposição gravíssima que, por mas que tenha sido apresentada como tese de defesa da democracia e não proliferação de desinformação, supõe que a Suprema Corte usa de uma via transversa, portanto, não prevista em lei, para se imiscuir no processo eleitoral, por acreditar que usuários da rede X no Brasil, pode, de alguma forma, influenciar no resultado das eleições, logo, justificar-se-ia calar o grupo que não comunga da visão política da emissora e de determinado magistrado, uma vez que, as vozes dissonantes devem ser tratadas como antidemocrática e, por tal motivo, extirpadas do cenário político da democracia. Sugerindo que o Judiciário pode sim, embora não possa assumir isso diretamente, calar os cidadãos de segunda classe que não seguem a cartilha da emissora e das forças autointituladas como democráticas, mesmo utilizando-se da censura, a apresentadora da GloboNews argumenta como uma medida válida que toda uma rede social seja mantida em suspenso ao menos até o pleito eleitoral, como outrora se permitiu a censura apenas à véspera das eleições. Certamente, o ditador venezuelano subscreveria a fala da jornalista . Por derradeiro, podemos temer que um bloqueio à rede X significa que grande parte das pessoas poderá perder sua maior fonte de informação, o que não deveria ser comemorado por que defende a liberdade de imprensa, entretanto, na ausência da rede, seria normal que indivíduos migrassem para outra plataforma que pudesse permitir o acesso a fontes descentralizadas, contudo, o bloqueio de um sistema como a Starlink, além de danoso em razão de outros serviços que a internet dispõe, faz com que o cidadão, desprovido de meios de busca por informações, se torne refém das mentiras propagadas pelo cartel de imprensa, não podendo enxergar além das sombras da caverna. A imprensa, como um cego que guia outros cegos, por ganância ou soberba caminha para a destruição, de forma que, cada um deve ter, ao menos, a oportunidade de se libertar de tamanha rede de mentiras, só assim não seguirá junto de seu guia rumo ao precipício. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 46 - ISSN 2764-3867
- “Chris Rock e seu stand-up biology”
“Somente mulheres, crianças e cachorros, são amados incondicionalmente. Um homem só é amado sob a condição dele prover algo”. A afirmação acima foi feita pelo ator e humorista Chris Rock durante um de seus shows de stand-up comedy. A declaração é, sem dúvida, chocante e pode soar ofensiva para algumas pessoas. Todavia, aparentemente, o humorista usou um dos artifícios mais comuns no humor: o exagero, criando uma caricatura de uma parte das relações socioafetivas entre homens e mulheres e, por extensão, com suas famílias. Mas, afinal, foi de fato um exagero? O que pode haver de real? Que base histórica ou mesmo científica poderia ter o humorista para tocar num ponto tão sensível? A ideia de que as mulheres, devido ao seu papel na gestação e cuidado dos filhos, tendem a buscar segurança e recursos enquanto os homens buscam a perpetuação de seus genes está fundamentada em algumas teorias evolutivas e sociológicas. A teoria da Seleção Sexual, proposta por Charles Darwin, sugere que as características que aumentam as chances de reprodução são favorecidas pela seleção natural. No contexto humano, isso pode significar que as mulheres têm uma tendência a escolher parceiros que oferecem recursos e segurança. Assim, nesse contexto, o status socioeconômico é um quesito valioso para atender àquela teoria. Por outro lado, os homens procuram características que indiquem saúde e fertilidade nas mulheres, o que coloca a beleza física e elementos de cuidado, asseio e maquiagem como itens visuais relevantes. Ao que parece, ao menos do ponto de vista do darwinismo, o humorista parece ter acertado. Desenvolvida por pelo biólogo americano Robert Trivers, a teoria do Investimento Parental sugere que o sexo que investe mais na prole (geralmente as fêmeas de mamíferos) será mais seletivo na escolha do parceiro, enquanto o sexo que investe menos (geralmente os machos) será mais competitivo. No caso humano, isso implica que as mulheres podem ser mais seletivas na escolha de parceiros que oferecem recursos e apoio parental, enquanto os homens podem ser mais propensos a competir por acesso a parceiras férteis. Complementando a análise biológica de Darwin e a biossociológica de Trivers, encontramos a ‘psicologia evolucionista das relações humanas’, desenvolvida pelo psicólogo americano David Buss, que é uma abordagem que explora como os padrões de comportamento humano podem ser entendidos enquanto adaptações evolutivas. Argumenta-se que as preferências e estratégias de acasalamento dos seres humanos são moldadas por pressões seletivas ao longo da evolução. Portanto, as mulheres podem ter evoluído para valorizar características que sinalizam recursos e comprometimento parental nos parceiros, enquanto os homens podem ter evoluído para buscar sinais de fertilidade e saúde nas parceiras. Essas teorias oferecem uma lente através da qual podemos entender as dinâmicas de relacionamento humano, mas é importante reconhecer que elas representam simplificações de fenômenos complexos e que o comportamento humano é influenciado por uma variedade de fatores culturais, sociais e individuais. Todos esses fatores e teorias são relevantes do ponto de vista material, mas, somente sob este ponto de vista, não se pode dialogar com a experiência humana de modo completo. Assim, poderíamos argumentar que, exclusivamente dentro desse contexto evolutivo, os homens que são mais bem-sucedidos em prover recursos podem ser percebidos como mais atraentes para as mulheres, já que oferecem uma maior garantia de sobrevivência e prosperidade para a prole. Portanto, pode haver uma conexão entre as teorias mencionadas e a ideia de que os homens são amados com base no que podem prover, como sugerido na fala do humorista Chris Rock. No entanto, é importante ressaltar que essa conexão não é uma justificativa para defender ideias revolucionárias que supostamente buscariam destruir estereótipos de gênero ou para afirmar que as relações humanas são exclusivamente determinadas por fatores biológicos ou evolutivos, conforme tem sido defendido por feministas de terceira onda e o movimento Woke. Queremos reforçar que o comportamento humano é muito complexo e influenciado por uma interação ampla de fatores biológicos, culturais, sociais, individuais e metafísicos. Portanto, qualquer generalização ou simplificação deve ser evitada, considerando a diversidade de experiências e contextos sociais. A sociedade ocidental contemporânea tem sido exposta a novas visões de mundo onde, por um lado, muitas mulheres têm sido conduzidas a rever seus papéis sociais, assumindo seu tão falado empoderamento; por outro lado, algumas mulheres têm percebido no empoderamento uma oportunidade de conquista de patamares socioeconômicos mais elevados por meios não muito ortodoxos. Percebendo o alinhamento das teorias citadas, entendemos que elas não têm explicado o comportamento socioafetivo humano, mas dirigido e criado uma fundamentação supostamente científica para um comportamento que poderíamos incluir numa hipotética ‘Teoria da Involução da Espécie Humana’. Parte da sociedade humana (principalmente no ocidente) tem involuído ou se desumanizado ao ponto de, em alguns casos extremos, defender a igualdade entre todos os animais, ou levando muitos a imitar comportamentos sociais e do ciclo reprodutivo das espécies menos evoluídas. Independentemente do sexo biológico, algo nos chama a atenção nas relações entre seres humanos: o amor. Na língua portuguesa, assim como no inglês e em muitas outras línguas, a palavra é empregada para definir um espectro bem amplo que vai desde a emoção até o nível do sentimento. Possivelmente, os antigos gregos tivessem mais facilidade em comunicar o que sentiam. Para essa tarefa, contavam com um arsenal bem mais completo. Eros é a palavra que define o amor romântico e o desejo sexual. Philia apresenta o amor fraternal ou amizade. Ágape , o amor incondicional e altruísta. Storge remete ao amor natural e instintivo. Xenia refere-se à hospitalidade e ao amor e respeito que se espera entre anfitriões e convidados. Como se vê, para eles não seria normal confundir uma emoção como a paixão com um sentimento tal qual o amor genuíno entre dois seres. Em sentido amplo, as relações baseadas no amor sempre existiram e são encontradas através da história e de seus registros. Uma ideia que fazia parte da instituição divina do casamento como algo funcional por tantos séculos era a de que o amor deveria ser construído a dois ao longo da convivência, mas não necessariamente precedendo o enlace. Pode parecer algo difícil de conceber, mas no contexto das comunidades do passado, isso representava segurança. Relações em que o amor idealizado, romântico, deveria preceder a convivência foram se tornando mais comuns a partir do século XIX, quando gradativamente foram se tornando o ideal dos jovens recém-chegados à adolescência. Esse tipo de idealização foi substituindo lentamente os casamentos arranjados entre clãs, famílias ou Estados Nacionais, tendo como pano de fundo os interesses mais diversos. Todavia, passado o período químico da paixão, muitas vezes ocorre uma quebra de expectativas e a possível falência da relação. Não havendo uma ‘ cola ’ que mantenha a coesão entre o casal, abre-se caminho para as separações. Podemos considerar que um dos fatores que mais colabora para a evolução dos relacionamentos, de patamares estritamente biológicos ou evolutivos, incluindo também os fatores econômicos e políticos entre aqueles primeiros, para patamares afetivos é o desenvolvimento de um sentido metafísico e de pertencimento a comunidades religiosas. A partir do momento que um ser humano passa a se desvincular do plano exclusivamente materialista e biológico, passando a encarar a vida de um ponto de vista prioritariamente espiritual, passa a desenvolver amor e atitudes de cuidado, zelo e proteção, não mais vinculados a interesses, necessidades ou qualquer outro elemento que lhe traga algum benefício. Temos então aquela ‘ cola ’ que citamos anteriormente. Queremos antecipar aqui um questionamento: a título de exemplo, pode-se argumentar que leões defendem sua prole e não são religiosos ou metafísicos. Todavia, animais não contemplam a vida senão do ponto de vista de seus instintos e sensações. São dirigidos inexoravelmente por suas necessidades mais básicas, como a perpetuação de seus genes, por exemplo. Seres humanos podem refletir e decidir acima do nível mais rasteiro dos instintos primitivos. Quando os seres humanos começam a se envolver com conceitos metafísicos, como a ideia de um propósito maior na vida, um plano divino ou uma conexão espiritual com outros seres e o Criador, isso influencia profundamente suas perspectivas sobre o amor, o cuidado e as relações interpessoais. Em vez de se limitarem apenas à sobrevivência física e à reprodução, as pessoas passam a buscar significado, conexão emocional e transcendência através de seus relacionamentos. Nesse contexto, as religiões e filosofias espirituais muitas vezes promovem valores como compaixão, generosidade, perdão e amor altruísta, que podem guiar as interações humanas em direção a formas mais elevadas de relacionamento. Esses sistemas de crenças oferecem um quadro moral e ético que pode influenciar as atitudes e comportamentos das pessoas em relação umas às outras, independentemente das considerações puramente biológicas. Em última instância, cabe ao ser humano decidir e agir. Não basta crer, há que se viver o que se crê. Portanto, ao considerar a evolução dos relacionamentos humanos, é importante reconhecer não apenas os aspectos biológicos, mas também o papel crucial que as crenças metafísicas desempenham na ampliação das motivações e dos ideais que moldam as interações humanas. Essa dimensão espiritual pode enriquecer e complexificar as relações humanas, oferecendo novas perspectivas sobre o amor, o cuidado e a conexão interpessoal. Retornando a Chris Rock, o humorista demonstrou em seu aforismo o que percebemos na sociedade apocalíptica em que vivemos. A humanidade se desumaniza no sentido em que se conecta prioritariamente com seu aspecto biológico e se afasta do que verdadeiramente é, ou seja, seres espirituais criados para se distinguirem da matéria, mesmo mergulhados em plena materialidade. Muitos homens e mulheres têm sido arrastados pelos seus instintos e têm se permitido animalizar, no sentido em que renunciam a seu poder de escolha e se tornam inexoravelmente dirigidos por seus instintos. Assim, não seria caso de espanto que homens passassem a ser valorizados pelo que pudessem oferecer financeiramente e mulheres pelas capacidades atrativas e reprodutivas. Por fim, o humorista, intencionalmente ou não, descreveu os efeitos do distanciamento do homem em relação a Deus. Ele 'desenhou' um dos objetivos da força maligna sob a qual o mundo jaz. Na verdade, não exagerou para fazer humor; fez humor com a incapacidade de parte da sociedade em que vive de perceber que não tem sentimentos, mas apenas sensações, emoções e instintos. Essas pessoas não seguem o Caminho, não creem na Verdade e, por consequência, não têm Vida; apenas existem. Não se trata de uma teoria da evolução reversa, mas de um projeto elaborado desde o princípio dos tempos por uma mente perversa. Concluindo, Deus ama homens e mulheres sem distinção de sexo. Quanto a nós, devemos ser imitadores deste divino exemplo nas relações entre uns e outros. “38 Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, 39nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”. (Romanos 8:38-39) Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 46 - ISSN 2764-3867
- O Papel do Estado
Políticas Públicas para impulsionar o Mercado e a Economia Em um cenário global marcado por incertezas econômicas e desafios sociais, a atuação do Estado deve ser focada em um objetivo claro: criar políticas públicas que fomentem o mercado e a economia. A ideia central é que o Estado deve intervir apenas na medida em que for necessário para criar um ambiente propício ao crescimento econômico, sem se intrometer nas dinâmicas de mercado do setor privado. Em vez de ampliar o papel do governo na economia, é preciso reforçar que o melhor caminho para o progresso é através de políticas que fortaleçam o setor privado, gerando oportunidades e crescimento para todos. O Estado, quando atua como facilitador, pode criar o ambiente necessário para que o setor privado floresça. Ao investir na criação de políticas públicas inteligentes, que aumentem o acesso a serviços básicos e promovam o desenvolvimento de mercados locais, o Estado não apenas impulsiona a economia, mas permite que os cidadãos e as empresas se desenvolvam de forma autônoma. Dois exemplos práticos dessa abordagem são a implementação de exames oftalmológicos gratuitos nas escolas e a promoção do turismo local. Ambos os exemplos mostram como políticas públicas eficazes podem fomentar o crescimento econômico sem uma intervenção estatal massiva. Um exemplo claro de como políticas públicas bem desenhadas podem ter um impacto positivo tanto social quanto econômico é a iniciativa de fornecer exames oftalmológicos gratuitos nas escolas. Estudos apontam que muitas crianças em idade escolar sofrem com problemas de visão não diagnosticados, o que afeta diretamente o seu desempenho acadêmico. O simples fato de não enxergar bem pode resultar em notas mais baixas e, consequentemente, em menores oportunidades de sucesso no futuro. A falta de acesso a exames de vista regulares se dá, muitas vezes, pela desinformação ou pelas dificuldades financeiras das famílias. Ao distribuir exames oftalmológicos nas escolas públicas, o Estado estaria promovendo uma política pública que melhora diretamente a educação das crianças, aumentando suas chances de um futuro mais promissor. Além disso, essa política pública estimula o setor privado ao gerar demanda para o mercado de óculos, lentes e serviços oftalmológicos. Quando mais pessoas descobrem que possuem problemas de visão, crescem as oportunidades de negócios para empresas de ótica, médicos oftalmologistas e clínicas especializadas. Ou seja, uma simples política pública de saúde ocular tem o poder de impulsionar não apenas a educação, mas também de fomentar o desenvolvimento do setor privado relacionado à saúde visual. Essa é uma forma clara de o Estado atuar como facilitador, promovendo o bem-estar da população sem que isso signifique uma intervenção direta no mercado. A iniciativa parte do setor público, mas quem colhe os frutos são as empresas e a sociedade como um todo. Outro exemplo prático de como o Estado pode fomentar a economia local sem interferir diretamente no setor privado é o incentivo ao turismo. O Brasil, com sua vasta diversidade cultural, belezas naturais e ricas tradições, possui um potencial turístico imenso. No entanto, muitas cidades pequenas e médias não exploram esse potencial ao máximo. A criação de políticas públicas que incentivem o turismo pode transformar cidades inteiras, gerando empregos, oportunidades de negócios e desenvolvimento econômico local. Quando uma cidade investe na criação de um plano de turismo bem estruturado, ela se torna atrativa para visitantes. Essa atratividade pode ser gerada através de eventos culturais, festas tradicionais, festivais gastronômicos, ou mesmo através da promoção de suas belezas naturais e patrimônios históricos. O turismo, mesmo em pequena escala, tem um impacto econômico direto. Quando uma pessoa se desloca de uma cidade para outra, ela consome serviços como transporte, hospedagem e alimentação. O simples ato de trazer turistas para uma cidade já movimenta a economia local. Se o Estado se limitar a promover políticas públicas que incentivem o turismo, como a criação de rotas turísticas, a promoção de eventos ou a facilitação de parcerias público-privadas para infraestrutura turística, ele estará criando as condições necessárias para que o setor privado prospere. Empresas locais, como hotéis, restaurantes, guias turísticos e artesãos, se beneficiam diretamente do aumento do fluxo turístico. Além disso, o turismo estimula o surgimento de novos empreendimentos e empregos, como escolas de capacitação profissional para guias turísticos e cursos de hotelaria. Essas políticas públicas não exigem grandes investimentos estatais, mas sim inteligência estratégica e parcerias entre o setor público e privado. Quando bem implementadas, essas iniciativas criam um ciclo virtuoso de desenvolvimento econômico local, onde o Estado apenas facilita o crescimento, sem intervir diretamente no mercado. Ao longo da história, economistas clássicos como Adam Smith, Friedrich Hayek e Milton Friedman defenderam que o Estado deve ter um papel limitado na economia, criando apenas as condições necessárias para que o mercado opere de maneira eficiente e livre. Esse pensamento é fundamental para entender como o Estado pode impulsionar a economia sem sobrecarregar o setor privado com regulações e intervenções desnecessárias. O foco deve ser na criação de um ambiente econômico estável, com segurança jurídica, infraestrutura adequada e políticas públicas que incentivem o desenvolvimento. O Estado deve atuar como regulador e facilitador, garantindo que os agentes econômicos tenham as condições necessárias para operar, mas sem interferir diretamente na lógica de mercado. Nesse sentido, políticas públicas que ampliem o acesso a serviços básicos, como saúde e educação, são essenciais, mas devem ser desenhadas de forma que gerem oportunidades para o setor privado e não dependam exclusivamente de investimentos estatais. Isso permite que a economia cresça de maneira saudável, com menos dependência do Estado e mais autonomia para os empreendedores e cidadãos. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 46 - ISSN 2764-3867
- Por que há tantas famílias desestruturadas?
Faz algum tempo que estou estudando um livro chamado “A conspiração contra a vida humana” , de autoria de José Alfredo Elía Marcos . Diferente de outras obras, não estou correndo contra o tempo para terminá-la, pelo contrário; em doses homeopáticas, estou aprendendo a origem da eugenia e da contracepção. Eu já tinha conhecimento de que a revolução sexual foi uma das responsáveis pela degradação da sociedade, mas havia uma lacuna em minha mente: como se deu esse processo? Como explicar o reflexo disso nos dias atuais? Muito provavelmente você se perguntou – assim como eu – por que os papéis dentro da família foram trocados, ao ponto de, nem homens nem mulheres, saberem ao certo qual sua função. E foi aqui que esta obra abriu os meus olhos. Já ouviu falar em Kingsley Davis ? É possível. Davis foi um sociólogo e demógrafo americano, membro da American Eugenics Society , cunhou os termos “explosão populacional” e “crescimento zero” . Foi ele que, digamos, “redefiniu” o conceito de família. Em Julho de 1937, Davis publicou “Reproductive institutions and the pressure for population” , onde escreveu: “O Estado deve eliminar todo tipo de ajuda às famílias, a fim de alcançar um sistema em que o papel do pai é assumido pelo Estado e a função da mãe é realizada por mulheres profissionais, cujos serviços são pagos diretamente pelo Estado.” Essa ideia de gerico não partiu da cabeça de Davis originalmente; na Rússia comunista isso já estava sendo trabalhado desde o início da revolução e propagado por Alexandra Kollontai na obra “O Comunismo e a Família” . Vejamos: “Porém, é precisamente esta facilidade para obter o divórcio, fonte de tantas esperanças para as mulheres que são desgraçadas em seu matrimônio, o que assusta outras mulheres, particularmente aquelas que consideram o marido como o ”provedor” da família, como o único sustento da vida, a essas mulheres que não compreendem que devem acostumar-se a buscar e a encontrar esse sustento em outro lugar, não na pessoa do homem, mas sim na pessoa da sociedade, do estado.” “Na Sociedade Comunista de amanhã, esses trabalhos (domésticos) serão realizados por uma categoria especial de mulheres trabalhadoras dedicadas unicamente a essas ocupações.” Fazer com que marido e mulher estejam deveras ocupados faz com que o vínculo familiar seja quebrado; logo, a família torna-se obsoleta e sem propósito. Um outro ponto que enfraquece as famílias são as “intimidades não convencionais”, defendido por Davis; ao mesmo tempo em que marido e mulher são afastados por seus “compromissos inadiáveis” , eles têm “direito” a experimentar aventuras íntimas, como o chamado “amor livre” . No processo de transformação da intimidade, filhos são considerados “empecilhos” , portanto, devem ser evitados. Além do mais, filhos criam vínculos, laços eternos; é muito comum ouvirmos “Existe ex-marido, ex-esposa, mas nunca ex-filho” . E Davis fez questão de propor a quebra destes laços. E é aqui que surgem duas figuras que hoje são muito conhecidas: a mãe solteira e o pai ausente. Com o advento da revolução sexual e normalização de métodos contraceptivos, muitas mulheres se viram “livres” das “amarras da maternidade” , e resolveram se entregar a todo e qualquer tipo de prazer. Contudo, nenhum método é 100% à prova de falhas, não sendo a gravidez de todo descartada. Obviamente que, quando abordo este assunto, me refiro àquelas que foram seduzidas pelo canto da sereia chamado “empoderamento feminino” . Tenho ciência de que há muitas mães solteiras que se tornaram assim por força das circunstâncias (violência doméstica, viuvez e outros) e que não devem ser incluídas neste bojo que trato no presente artigo. Quando a gravidez surge de uma dessas “intimidades não convencionais” , via de regra, vemos o homem abandonando a situação e a mulher sozinha. Teria Davis descoberto o ovo de Colombo? “Se os homens fossem liberados da responsabilidade por seus filhos e se sua identificação com eles fosse rejeitada (...) parece bem provável que, sem ajuda diária de um homem, muito poucas mulheres gostariam de ter e criar dois ou mais filhos” Mas como fazê-lo quando os filhos já existem? Simples! Para Davis, o “sistema de escola” é o melhor; no Brasil, a obrigatoriedade para matricular os filhos na escola é de quatro anos de idade. Mas, quanto mais cedo enviar, melhor para a quebra dos laços. Hoje, inclusive, a demanda para a criação de novas creches é absurda, e já há quem esteja propondo creches noturnas! Vejam bem, quando falamos contra o feminismo, defendemos a família tradicional, valores cristãos e coisas deste jaez, é justamente porque estamos vendo diante dos nossos olhos as consequências do tal “empoderamento” , “meu corpo, minhas regras” e afins. No meu caso, não faço isso para ser a “intelectual” , estou anos-luz de ser uma. Faço isso porque Nosso Senhor Jesus Cristo já havia dito “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8.32) , e alguém deve propagá-la. Se todo o discurso de empoderamento e “liberdade sexual” , de fato, fosse benéfico, não teríamos como resultado mulheres sobrecarregadas, homens sem responsabilidade, crianças traumatizadas e uma sociedade doente. Voltemos ao básico, àquilo que Deus sempre quis para nós. Não podemos salvar o mundo, mas podemos resgatar nossa família. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 46 - ISSN 2764-3867
- Os avisos subliminares da sétima arte
Ao final do filme "O Advogado do Diabo", o personagem vivido por Keanu Reeves sai ao encontro do seu pai, o próprio, interpretado magistralmente por Al Pacino, pra variar. Ao se ver fora do hospital onde sua mulher, enlouquecida por demônios, acaba de se suicidar cortando a garganta com um pedaço de vidro, ele percebe a Big Apple completamente vazia e silenciosa. Essa cena é a chave do filme. A tomada que mostra as ruas da cidade mais movimentada do planeta, em completo silêncio em plena luz do dia, nos faz entender de maneira subliminar o tamanho da encrenca em que estamos metidos, desde que as Escrituras avisaram que " O mundo inteiro jaz no maligno " ( I João 5:19 ). A escolha por New York é de uma obviedade irônica. Seu símbolo, uma maçã, remete ao fruto proibido, que sabemos nunca ter sido uma maçã, mas por conta de idiossincrasias latinas, acabou pegando a fama. É claro, tudo fica ainda mais irônico quando lembramos de ‘outra’ Apple, aquela, mordida, símbolo igualmente óbvio do pecado, da queda. Interessante que o filme consagra a frase " Vaidade, o meu pecado favorito ". E o que mais pode ser a motivação por trás de se ter um aparelhinho com a maçã mordida no bolso? Se nos debruçarmos sobre as provocações sistêmicas das elites globalistas, as encontraremos todas neste filme de Taylor Hackford lançado em 1997 e que se tornou um cult. Mas, mais do que procurar referências cruzadas, como as citações bíblicas da mãe de Kevin Lomax, é entender que o que ele expõe como ficção está mais perto da verdade do que jornal diário da grande mídia. As artes, em especial a literatura e o cinema, têm sido férteis em nos alertar sobre a sombra de um globalismo satânico que a cada dia parece avançar mais sobre a humanidade. Em especial a partir das décadas de 30/40, quando livros como “Admirável Mundo Novo” e “1984” foram lançados. No cinema, obras como “Metropolis”(1927) e “Tempos Modernos”(1936) já tratavam de questões acerca de totalitarismo e manipulação de massas. Entretanto, foi somente após a década de 70 que pudemos notar nas produções cinematográficas a questão espiritual de forma mais assertiva, como, por exemplo, na obra-prima “A Profecia”(1976), um trabalho magistral do igualmente magistral Richard Donner, com a clássica trilha sonora de Jerry Goldsmith, capaz de provocar arrepios até hoje. Desde então o cinema vem capturando cada vez mais aquilo que o politicamente não ousa admitir. E “O Advogado do Diabo” é um dos filmes que melhor trata esse assunto. Absolutamente todo o establishment global está aparelhado por demônios e seus adoradores. Todas as megacorporações, cartéis, multinacionais, enfim, tudo o que, de alguma forma, alimenta o “pecado favorito” do diabo, ainda que isso se trata de licença poética, porque, biblicamente, o pecado favorito de satanás é a desobediência à Palavra de Deus, enquanto que em nós, a cobiça reina soberana no rol das transgressões, como ensina Yeshua, Paulo e Pedro nos Evangelhos. Está tudo ali, na tela. Ganância desenfreada, perversão sexual, apostasia, blasfêmia, e quem não entra no jogo acaba sendo engolido por ele. São os recortes de um mundo vindouro, cada vez mais alijado de Deus. Esse tipo de obra, normalmente classificada no gênero “teoria da conspiração” nada mais é do que o mundo olhando para si mesmo e dizendo: “Prefiro não acreditar nisso, porque se for verdade, estamos ferrados…”. A condescendência de uma humanidade sem Deus que prefere não crer naquilo que a condenará. É uma estratégia boa, mas como prazo de validade, porque assim é o sistema em todas as suas vertentes e variações. Ou não foi assim que os alemães se comportaram diante do avanço do nazismo na sociedade, de forma “legal”? E aqui, mais uma ironia: Satanás é um advogado. Para quem não entendeu a ironia, nas Escrituras somente uma pessoa recebe esse título: Jesus Cristo ( I João 2:1 ). Ao se revelar como um operador da lei, o diabo não quer jogar uma pecha maligna sobre essa profissão, mas provocar Deus, se identificando como a mesma designação de seu filho. Um tipo de apoderamento que ele já faz há milênios, quando se apossou do arco-íris, sinal de aliança e da misericórdia de Deus com a humanidade (Gênesis 9), que ele transformou em símbolo daquilo que o próprio Deus chama de abominação, ou o tridente, o enorme garfo que era usado pelos levitas no Tabernáculo do deserto, que passou a fazer parte de uma de suas representações míticas, ao lado do chifre e do rabo. Ele não escolhe essa “profissão” por acaso no filme. Ele quer irritar o Criador. Mas voltando ao raciocínio, sim, estamos ferrados. Porque existe muita verdade em “O Advogado do Diabo”, assim como em “Matrix”, “John Wick” e “Constantine”. Fico pensando às vezes se Keanu Reeves não é uma espécie de “escolhido”, afinal, nestes últimos tempos, sempre que alguém quis mandar uma mensagem de alerta, ele estava lá. Coincidência? Quem sabe? Enfim, em um mundo em completa escalada de insanidade como o que estamos vivendo, somente análises e observações igualmente fora da casinha serão capazes de encontrar respostas minimamente plausíveis para o caos. Resta saber quem de fato quer encontrá-las. “O Advogado do Diabo” tem trilha sonora do ótimo James Newton Howard, indicado oito vezes ao Oscar, e autor de algumas pérolas como a trilogia “Cavaleiro das Trevas” em coautoria com Hans Zimmer, e também a franquia “Jogos Vorazes”. Direção pra lá de segura de Taylor Hackford, que estourou em 1982 com “A Força do Destino”, um drama estrelado por Richard Gere e Debra Winger. A atuação de Al Pacino é fantástica e acaba ofuscando o carismático Keanu Reeves, sempre esforçado. Charlize Theron traz uma interpretação bem honesta da esposa em crise, mas quem chama a atenção é Connie Nielsen, como filha do diabo e irmã de Kevin. Talvez você não a reconheça, mas ela é a Lucilla, irmã de imperador que se apaixona pelo General Maximus em “Gladiador” (2000). Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 46 - ISSN 2764-3867
- O Papel Transformador da Igreja
A certeza de que o pertencimento a uma Igreja transforma o ser é inquestionável. Participar de atividades religiosas não só nos mantém vivos, mas também alimenta o nosso espírito. É através do serviço que aprendemos a conviver em comunidade, a dialogar, a negociar e a defender melhor aquilo em que acreditamos. Além disso, a Igreja desempenha um papel fundamental na formação de líderes. Ao nos envolvermos em suas atividades, desenvolvemos habilidades essenciais para a liderança, como a capacidade de ouvir, de tomar decisões ponderadas e de inspirar os outros. A convivência comunitária nos ensina a importância da empatia e da colaboração, valores indispensáveis para qualquer líder. A Igreja tem um impacto profundo na formação dos nossos valores. Ela promove princípios como o amor ao próximo, a solidariedade e o respeito. Através de suas ações sociais e ensinamentos, a Igreja nos incentiva a adotar uma postura mais compassiva e justa em relação ao mundo. Esses valores moldam nossa visão de mundo, influenciando nossas atitudes e comportamentos diários. O legado de Jesus Cristo é um exemplo supremo de liderança que continua a formar líderes para o mundo. Jesus não apenas pregou sobre amor, compaixão e justiça, mas também viveu esses valores de maneira exemplar. Ele investiu profundamente em seus discípulos, ensinando-os através de seu exemplo pessoal, motivando-os com compaixão e orientando-os com sabedoria. Jesus demonstrou que a verdadeira liderança é servidora, colocando as necessidades dos outros acima das suas próprias. Esse modelo de liderança baseado no serviço e na humildade continua a inspirar líderes em todas as esferas da vida, desde a Igreja até o mundo corporativo. Um exemplo notável de transformação é Santo Agostinho. Nascido em 354 d.C., em Tagaste, no território da atual Argélia, Agostinho viveu uma juventude marcada por excessos e busca por prazeres mundanos. Ele se envolveu com o maniqueísmo, uma doutrina que via o mundo como uma batalha entre o bem e o mal, e também explorou o hedonismo e o ceticismo. No entanto, sua vida mudou radicalmente após sua conversão ao cristianismo, influenciada pelas pregações de Santo Ambrósio. A influência de sua mãe, Santa Mônica, foi crucial nesse processo. Mônica, uma cristã fervorosa, dedicou sua vida a orar pela conversão de seu filho. Ela suportou com paciência e fé as dificuldades de um casamento com um marido pagão e violento, e nunca desistiu de seu objetivo de ver Agostinho abraçar a fé cristã. Suas orações e lágrimas foram recompensadas quando Agostinho finalmente se converteu e foi batizado por Santo Ambrósio em Milão. A conversão de Agostinho teve um impacto profundo e duradouro em sua vida. Após sua conversão, ele abandonou suas antigas práticas e se dedicou inteiramente à fé. Tornou-se um dos maiores teólogos e filósofos da Igreja, com obras como “Confissões” e “A Cidade de Deus” que continuam a influenciar o pensamento cristão até hoje. Ele foi nomeado bispo de Hipona e dedicou sua vida ao serviço da Igreja, deixando um legado de 113 obras escritas, entre tratados filosóficos, teológicos, comentários de escritos da Bíblia, sermões e cartas. Agostinho desenvolveu uma filosofia que unia a fé cristã com a razão, influenciada pelo neoplatonismo, que ajudou a moldar a teologia cristã medieval. Devido à sua imensa contribuição para a teologia e filosofia cristã, Agostinho foi reconhecido como Doutor da Igreja em 1298 pelo Papa Bonifácio VIII. O título de Doutor da Igreja é concedido a santos cujos ensinamentos são de grande importância para a doutrina cristã. Agostinho é frequentemente referido como “Doctor Gratiae” (Doutor da Graça) devido à sua ênfase na graça divina. Ele também foi canonizado, sendo venerado como santo por sua vida de santidade e dedicação à fé cristã. Nós somos a morada do Espírito Santo, tanto como indivíduos quanto como comunidade eclesiástica. O Espírito Santo reside em nós, e essa presença deve impactar profundamente nossas vidas e a nossa união como corpo de Cristo. Devemos viver em santidade, buscar constantemente o preenchimento do Espírito, e reconhecer nossa dependência d’Ele para cumprir a obra de Deus. Assim, a participação ativa na Igreja não só enriquece nossa vida espiritual, mas também nos capacita a sermos líderes eficazes e compassivos em nossas comunidades e além. Além disso, os valores que cultivamos na Igreja moldam nossa visão de mundo, tornando-nos mais conscientes e engajados com as necessidades e desafios da sociedade. Que possamos, como indivíduos e como Igreja, ser receptivos à orientação do Espírito Santo, buscando viver de acordo com Sua vontade e experimentando o poder e a graça que Ele nos concede. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 46 - ISSN 2764-3867
- Bem-vindo a 2030
O início do inferno na terra Quem se debruça em estudar os planos globalistas já observou que, paulatinamente, as metas traçadas estão sendo cumpridas. Umas das razões é a imensa lavagem cerebral feita em escala mundial através da mídia e do entretenimento. Com uma população inerte, que não questiona determinadas práticas, os “senhores do mundo” têm maior liberdade para agir. E como fazer para que uma população se torne inerte e “obedeça” sem questionar? Simples: pratique terrorismo psicológico! Diga que a terra está super povoada, que a água está contaminada, que não haverá comida para todos. E utilize isso em filmes, séries, documentários sensacionalistas para que isso paire no imaginário de todos e a própria população “peça” uma solução. Quem explica este fenômeno é o escritor David Icke com a “regra de três” (problema - reação - solução). Esta técnica de manipulação mental evita não só a exposição à meta dos manipuladores, mas também manipula as pessoas a exigirem dos manipuladores que façam o que eles planejavam fazer de qualquer jeito. Um deles é o chamado efeito estufa . Embora seja um fenômeno natural, foi transformado em “problema” quando foi citado em relatórios e conferências a partir dos anos 70 como sendo um “obstáculo para a vida na Terra” , e que para resolvê-lo, seria necessário diminuir a população do planeta, para que menos quantidade de gases fosse emitida. Outra “solução” é frear a pecuária: alguns ditos ambientalistas têm insistido na ideia de que o CO2 emitido pelo gado é prejudicial ao planeta, sugerindo assim que insetos sejam utilizados como alimento no lugar de carne bovina. No último dia 18, o Fórum Econômico Mundial publicou em seu site um documento intitulado “ 3 abordagens de economia circular para reduzir a demanda por metais críticos”. Uma das “soluções” propostas é: pessoas comuns não devem ter seu próprio veículo. De acordo com Fórum, as pessoas devem vender seu carro e andar ou compartilhar porque “plataformas de compartilhamento de carros como Getaround e BlueSG já aproveitaram essa oportunidade para oferecer veículos onde você paga por hora usada”. Notem bem: o “problema” é criar alternativas para metais críticos (cobalto, lítio, níquel, entre outros), e a “solução” para este e outros é retirar a propriedade privada da população. Isso fica evidente no início do documento: “ Um processo de design que se concentre em atender a necessidade subjacente em vez de projetar para a compra de produtos é fundamental para essa transição. Essa é a mentalidade necessária para redesenhar as cidades para reduzir os veículos particulares e outros usos.” Mas quem pensa que estas “soluções” são novas está enganado, infelizmente. Em 2016, Ida Auken, parlamentar do partido socialista da Dinamarca, escreveu um artigo para o Fórum Econômico Mundial que, para os que estão atentos aos acontecimentos, parece ter saído da cabeça de Maldanado (personagem da obra “Cartas de um diabo a seu aprendiz” , de C.S. Lewis). O documento, intitulado “Bem-vindo a 2030. Não possuo nada, não tenho privacidade e a vida nunca foi melhor”, é um relato fictício ( peró no mucho ) de quem já está em 2030 após a implementação completa da agenda. Ela inicia dizendo: “Eu não possuo nada. Eu não possuo um carro. Eu não possuo uma casa. Eu não possuo nenhum eletrodoméstico ou qualquer roupa. Pode parecer estranho para você, mas faz todo o sentido para nós nesta cidade. Tudo o que você considerava um produto, agora se tornou um serviço.”. Ou seja, não há mais propriedade ou bem para chamar de seu. Aqui o sonho de Marx está realizado . E no assustador mundo de Ida Auken, as pessoas utilizam apenas transporte público ou bicicletas para se locomover: “Começamos a nos transportar de forma muito mais organizada e coordenada quando o transporte público se tornou mais fácil, rápido e conveniente do que o carro (...) às vezes eu uso minha bicicleta quando vou ver alguns dos meus amigos.” O trecho mais assustador é quando ela trata daqueles que estão fora da cidade. Auken explica que o “preço” para manter o transporte e comunicação gratuitos não possuir bens é viver em uma cidade fortificada e completamente vigiada. E quem não aceitar, não poderá conviver em sociedade: “ Minha maior preocupação são todas as pessoas que não moram em nossa cidade. Aqueles que perdemos no caminho. Aqueles que decidiram que se tornou demais, toda essa tecnologia. Aqueles que se sentiram obsoletos e inúteis quando robôs e IA assumiram grande parte de nossos trabalhos. Aqueles que ficaram chateados com o sistema político e se voltaram contra ele. Eles vivem diferentes tipos de vida fora da cidade. Alguns formaram pequenas comunidades auto-abastecidas. Outros apenas ficaram nas casas vazias e abandonadas das pequenas aldeias do século XIX.” O artigo mostra, de forma escancarada, os objetivos da elite globalista para o mundo : todos devem socializar seus bens, exceto eles; todos devem socializar suas casas, exceto eles; todos devem parar de comer carne, exceto eles; todos devem ser rigorosamente vigiados, exceto eles. E graças à lavagem cerebral feita pela mídia, os moradores ainda irão agradecer por todo o controle exercido sobre suas vidas. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 45 - ISSN 2764-3867
- O Laboratório do Impossível
Fico imaginando se alguém tivesse o poder de definir parâmetros daquilo que não tem parâmetros, poder dizer que o oculto tem uma explicação científica, como seria proveitoso se pesquisadores de alto nível pudessem abrir mão de conceitos preestabelecidos para mergulhar de cabeça em temas outrora deixados na penumbra. Investigar o paranormal, no sentido daquilo que não parece ter uma explicação aos olhos de simples mortais, poderia ser o desafio da vida de qualquer um, cientificamente estariam na qualidade dos bandeirantes, que se embrenhavam na densa selva, ou mesmo, dos navegadores que lançaram-se ao mar desconhecido para descobrirem novas terras. A notícia de que a Universidade de São Paulo criou o chamado Laboratório do Impossível , para “estudo da influência de fenômenos considerados impossíveis ou sobrenaturais, sua relação com as crenças e o conhecimento científico” , parecia ser um avanço na busca pela evolução da pesquisa, entretanto, nada acontece por acaso, parece que tal instituição pretende colocar em seus trilhos aquilo que não se consegue explicar. Segundo o coordenador do InterPsi , Wellington Zangari. “A ideia é que esse seja um espaço dedicado à realização de atividades de extensão que, de forma lúdica, promovam o diálogo entre a arte mágica e a ciência. Funcionará como um palco de apresentações didáticas e vivências científicas e artísticas, multissensoriais e reflexivas, motivando a curiosidade a respeito de como as coisas funcionam por trás dos efeitos observáveis, enfatizando a importância do método científico como antídoto contra a ignorância, as fake news, o negacionismo, e em favor do desenvolvimento do pensamento crítico”. No mínimo estranho que o pesquisador deixe tão evidente o viés ideológico por trás do novo laboratório, posto que, estranhamente utiliza-se de termos, usados por um espectro político-ideológico para suprimir o contraditório científico, com o fim adjetivar algo que o laboratório e sua equipe tem clara intenção de dizimar. Fala-se em investigar fenômenos que não tem explicação e, ao mesmo tempo, deixa evidente que aquilo que lhe for contrário não será enfrentado, uma vez que, pretende afastar de forma sumaríssima as vozes dissonantes. O mencionado Coordenador não esconde seu posicionamento ideológico, nada de novo debaixo do sol, por isso, torna-se temerária a criação de tal laboratório, em especial, por ser voltado aos alunos dos ensinos fundamental e médio. Poderia ser uma forma de “desmistificar” sua visão de mundo e afastar aquelas que fosse contrárias. A frente do instituto que serve como pilar do Laboratório do Impossível podemos ver um coordenador com declarada visão político-ideológica e, ainda mais grave, disposto a pesquisar com indivíduos em formação, atribuindo um “pensamento crítico”, desde que, não seja este movido por “negacionismo, ignorância e fake news”. Em verdade, o Laboratório do Impossível mais parece um centro para afastar teses contrárias ou corroborar as pautas de um grupo através de uma ciência oculta, mas difícil de ser contestada, uma vez que, só se admitira como fonte científica paranormal aquela forjada nas universidades. Como o coordenador considera ideologia de gênero algo científico, sem qualquer lastro, cabe perguntar se grupos por ele dirigidos não iriam se valer de critérios obscuros para justificar tal tese. Lembrando que há um diagnóstico científico, ainda que dúbio, para a disforia de gênero , mas que não se confunde com “transexualidade”. Embora não seja o tema a ser tratado. “Não se sabe quantas pessoas têm disforia de gênero, mas estima-se que ela ocorra em cinco a 14 em cada mil bebês cujo sexo de nascimento é masculino e em dois a três em cada mil bebês cujo sexo de nascimento é feminino. Um número muito maior de pessoas se identifica como transgênero que as que de fato atendem aos critérios para disforia de gênero ”. Logo, há um flagrante risco de que progressistas se utilizem do tal Laboratório do Impossível para tentar legitimar sua pautas, ainda que eivadas de desinformação, dando-lhes um selo de autoridade acadêmico. Tudo indica que o povo paulista está prestes a sustentar o que será o centro de criação e legitimação da pós-verdade. Antes fosse algo como apenas uma aventura fictícia em que Peter Wenkman aplica choques em um voluntário, mas parece que a experiência, agora real, pode ter um fim muito mais nocivo. “ Vivemos tempos sombrios, onde as piores pessoas perderam o medo e as melhores perderam a esperança” Hannah Aerndt. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. I N.º 03
- Quando os senadores se rebelam…
O assassinato de Júlio César, uma das figuras mais proeminentes da Roma Antiga, ocorreu em 15 de março de 44 a.C., nos famosos “Idos de Março”. Esse evento não apenas marcou o fim de um dos mais poderosos líderes da história, mas também desencadeou uma série de acontecimentos que levariam à queda da República Romana e ao surgimento do Império Romano. Após conquistar grande prestígio militar e popularidade, Júlio César assumiu o controle quase total de Roma, primeiro como ditador temporário e depois como ditador vitalício. Sua ascensão ao poder ocorreu em meio a intensas lutas políticas, durante um período em que a República Romana estava mergulhada em crises internas. César era visto por muitos como um salvador, mas para a elite senatorial, ele representava uma ameaça ao sistema republicano. O Senado Romano, na época de Júlio César, era composto por cerca de 900 membros, um número que ele mesmo havia aumentado após suas reformas. Esse aumento visava ampliar sua base de apoio, trazendo novos membros leais a ele, mas também diluindo o poder da velha aristocracia senatorial. Os senadores temiam que César estivesse se tornando um monarca de fato, o que era intolerável para aqueles que valorizavam a tradição estabelecida em Roma. A conspiração foi arquitetada por cerca de 60 senadores romanos que temiam a crescente concentração de poder em suas mãos e o que isso representava para a sobrevivência da República Romana. Os conspiradores eram conhecidos coletivamente como " Liberatores " e eram uma minoria dentro do Senado, mas incluíam alguns dos mais influentes e respeitados membros da classe senatorial. Eles se viam como defensores das tradições republicanas e acreditavam que o assassinato de César era necessário para preservar a República e evitar a tirania. A maioria dos senadores não estava envolvida na conspiração e muitos provavelmente apoiavam César, seja por convicção, interesse pessoal, ou simplesmente por medo de suas represálias. Entre os conspiradores, destacavam-se nomes como Lúcio Tílio Cimbro, Públio Servílio Casca Longo, Décimo Júnio Bruto Albino, Caio Cássio Longino e Marco Júnio Bruto, este último, ironicamente, considerado por muitos como um filho adotivo de César. Bruto era visto como um símbolo da virtude republicana, e sua participação na conspiração deu ao plano uma legitimidade que Cássio sozinho não poderia alcançar. As motivações para o assassinato variavam entre os conspiradores. Para Cássio, era uma questão de vingança pessoal e ambição política. Ele havia se ressentido de César por anos, acreditando que o ditador estava usurpando os poderes que deveriam pertencer ao Senado. Já Bruto, apesar de seus laços com César, foi motivado por um senso de dever cívico, acreditando que o assassinato era necessário para salvar a República e restaurar a liberdade romana. Os conspiradores sabiam que eliminar César não seria tarefa fácil. Ele era cercado por guardas e apoiadores leais, e suas aparições públicas eram cuidadosamente controladas. Assim, eles escolheram os Idos de Março, um dia em que César estaria presente em uma sessão do Senado no Teatro de Pompeu, onde eles poderiam se reunir sem levantar suspeitas. No dia fatídico, César foi avisado por vários sinais de que sua vida estava em perigo. Um vidente conhecido como Spurinna havia advertido a Júlio César que ele deveria estar atento aos Idos de Março pois correria perigo naquele dia específico. Calpúrnia, esposa de Júlio César, teve um sonho perturbador na noite anterior ao assassinato. Ela sonhou que César estava sendo esfaqueado e que sua própria imagem estava sangrando. Ela tentou alertar César sobre o sonho e pediu-lhe para não ir ao Senado naquele dia. Artemidoro, um professor de retórica, preparou uma carta alertando César sobre a conspiração, detalhando o perigo que ele corria. Ele tentou entregar a carta a César, mas o imperador não a leu imediatamente, e acabou sendo assassinado antes que pudesse vê-la. Algumas fontes antigas como as encontradas em Suetônio e Plutarco, relatam que César teve um comportamento incomum e pareceu preocupado antes do assassinato. Ele teria tido uma sensação de inquietação e desconforto, e, mesmo assim, decidiu comparecer ao Senado, e lá chegando já encontrou os conspiradores prontos para o que ocorreria. Ele foi recebido por Lúcio Tílio Cimbro, que se aproximou para fazer um pedido em nome de seu irmão exilado. Este gesto era o sinal para o ataque. Assim que Cimbro agarrou a toga de César, Públio Servílio Casca Longo desferiu o primeiro golpe, atingindo-o no ombro. A partir desse momento, os demais conspiradores, incluindo Cássio e Bruto, atacaram César com facas. O relato do crime varia em detalhes, mas é amplamente aceito que César foi apunhalado 23 vezes. Segundo a tradição, suas últimas palavras foram dirigidas a Bruto: "Et tu, Brute?" (Até tu, Bruto?), expressando sua surpresa e dor ao ver seu protegido entre os assassinos. Outros relatos sugerem que César não disse nada, sucumbindo em silêncio ao perceber a magnitude da traição. Após o assassinato, a falta de um apoio mais amplo dentro do Senado e entre o povo foi uma das razões pelas quais os conspiradores não conseguiram restaurar a República como planejado. Os conspiradores não esperavam que o crime permanecesse sem solução, na verdade, muitos deles estavam preparados para serem identificados como os assassinos e, desde que alcançassem o que acreditavam ser um objetivo nobre, não se importavam em serem descobertos. Os líderes da conspiração, como Bruto e Cássio, estavam cientes de que o assassinato não seria visto apenas como um crime, mas como um ato político destinado a restaurar a liberdade e os valores republicanos de Roma. Eles esperavam que, uma vez que César fosse eliminado, o Senado e o povo romano os considerariam heróis que haviam salvado a República da tirania. Essa visão foi reforçada pelo fato de que eles realizaram o assassinato em plena luz do dia, no Senado, um lugar público e simbólico, e na presença de outras figuras políticas proeminentes. Isso sugere que os conspiradores estavam dispostos a assumir a responsabilidade por suas ações, acreditando que, ao demonstrar coragem e determinação, eles inspirariam outros a apoiar sua causa. O assassinato de Júlio César foi inicialmente comemorado pelos senadores que acreditavam ter salvado a República. No entanto, o ato teve consequências opostas às esperadas. Em vez de restaurar o poder do Senado, o assassinato mergulhou Roma em uma nova onda de caos e guerra civil. O povo romano, que via em César um herói, ficou indignado com seu assassinato e clamou por vingança. Marco Antônio, aliado de César e segundo em comando, inicialmente fingiu aceitar o golpe para ganhar tempo. No entanto, durante o funeral, ele inflamou a população contra os conspiradores ao ler o testamento de César, que deixou legados monetários a muitos de seus aliados e soldados. Ele designou uma grande quantia de dinheiro para ser distribuída entre os cidadãos romanos, em particular, para aqueles que eram mais pobres e para os veteranos de suas campanhas militares. Além dos legados monetários, também deixou disposições para a construção de projetos públicos e para a melhoria das condições urbanas em Roma. Essa manobra de Marco Antônio consolidou sua posição e iniciou a perseguição aos assassinos. A morte de Júlio César precipitou a formação do Segundo Triunvirato, composto por Marco Antônio, Otaviano (futuro Augusto, sobrinho-neto e herdeiro adotivo de César) e Lépido. Juntos, eles enfrentaram os assassinos na Batalha de Filipos em 42 a.C., onde Cássio e Bruto cometeram suicídio após serem derrotados. Otaviano eventualmente consolidou o poder em suas mãos, derrotando Marco Antônio e a rainha egípcia Cleópatra VII na Batalha de Ácio em 31 a.C. Em 27 a.C., Otaviano foi nomeado Augusto, o primeiro imperador de Roma, marcando o fim da República e o início do Império Romano. O assassinato de Júlio César é um dos eventos mais dramáticos da história romana, sendo um divisor de águas entre a República e o Império. A conspiração, motivada pelo desejo de proteger a República, ironicamente acelerou sua queda. Júlio César tornou-se um mártir e símbolo do poder absoluto, e seu legado continuou a moldar a história de Roma por séculos. O evento inspirou inúmeras obras literárias, sendo imortalizado por William Shakespeare na peça "Júlio César", onde o drama e a traição são explorados de maneira vívida, perpetuando a memória desse acontecimento tão importante na formação do imaginário político. Uma medida extrema como aquela tomada pelos senadores romanos nos Idos de Março, quase invariavelmente resulta em dramas ainda mais complexos que aqueles que se buscava evitar. Analisar aqueles eventos sob a ótica maniqueísta de uma luta do bem contra o mal, ou mesmo sob um ponto de vista do alcance de um bem maior, como aqueles que defendem a ideia de que os fins justificam os meios, reduz à aceitação do caos como meio de se alcançar a ordem. Regimes ditatoriais não são benéficos às sociedades, por outro lado, a manutenção de elites políticas que defendem a priori o “ status quo ” também não agrega valor àquilo que mais importa: o cidadão. Quando refletimos nas ações de um Senado legalmente constituído, representado por seus senadores, imbuídos de um senso de responsabilidade política, civil e social, esperamos que para além de cumprir seus deveres legais, tenham como atributos no cumprimento de seus deveres: a coragem, o senso de autossacrifício, a integridade, a competência, a empatia, a habilidade de comunicação, a responsabilidade, a visão estratégica, a resiliência, os sensos de equidade, de justiça, de ética e de moralidade. Tais atributos não parecem ter sido demonstrados nos Idos de Março pelos senadores romanos. Comparativamente, resta perguntar a nós mesmos se os senadores da República Federativa do Brasil demonstram ao menos alguns daqueles atributos. O Senado é parte de um dos três poderes da República e um dos elementos fundamentais na defesa da Democracia, da Liberdade, da Nacionalidade e do povo a quem representa. O que cada cidadão consciente deveria desejar de seus representantes é que sua coragem jamais fosse ofuscada pelo medo da mudança, que os interesses nacionais estivessem sempre à frente como estandarte de coesão e não os seus interesses pessoais. Que as tiranias fossem combatidas com as armas da legalidade, mesmo às custas de seus próprios mandatos. Pareceu muito sonhador este final? Muito utópico? Pareceu que estamos no mundo de Pollyanna? Pois é exatamente o que esperam que pensemos! “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto” (Rui Barbosa, senador) Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 45
- Maria, mãe de Jesus
Feminismo e contradições Mulheres Bíblicas: PARTE V De todas as figuras femininas bíblicas , Maria, sem dúvida alguma é a mais intrigante. Maria era uma menina simples quando recebeu um chamado: “conceber o filho de Deus”. Maria de Nazaré, também conhecida como a mãe de Jesus , é frequentemente retratada de maneira tradicional e submissa. No entanto, será que ela realmente foi essa figura? Independente das suas crenças e convicções em relação a isso, uma coisa é inegável. Jesus não é invenção de mentes criativas e Maria não é diferente. Maria foi uma mulher real, judia e descendente de Davi. Numa leitura fria do perfil de Maria, diria que Maria foi o que toda feminista gostaria de ser. Numa sociedade patriarcal, Maria foi pela contramão, antes mesmo de se unir a José apareceu grávida. Maria aceitou a missão de ser a mãe de Jesus, mesmo sabendo dos riscos sociais e pessoais envolvidos. Lembrando que tal acontecimento para aquela época era um verdadeiro escândalo, ainda poderia resultar em ostracismo ou até mesmo em apedrejamento. Vamos avançar um pouco mais na história. Maria recita o Magnificat (Lucas 1, 46-55), durante sua visita a Isabel, sua prima, que também está grávida (de João Batista). Inspirada pelo Espírito Santo, Maria expressa sua alegria e gratidão a Deus. Contudo, neste cântico Maria fala sobre a derrubada dos poderosos e a exaltação dos humildes. Isso pode ser visto como uma crítica às injustiças sociais e uma esperança de transformação. Este cântico é visto por alguns teólogos como uma declaração de justiça social e igualdade. Maria começa exaltando a Deus por olhar para a humildade de sua serva. Ela reconhece que, apesar de sua posição social baixa, Deus a escolheu para uma missão grandiosa, mostrando que Deus se importa com os humildes e desprivilegiados. Aborda também sobre Deus enchendo de bens os famintos e despedindo os ricos de mãos vazias. Este é um forte apelo à justiça social, onde os necessitados são atendidos e os excessos dos ricos são questionados. Isso a posiciona como uma figura de resistência e esperança para as mulheres e outros grupos marginalizados. Agora vamos dar um salto nessa história. É dia de festa e estamos em Canaã da Galileia. Durante um casamento, o vinho acabou, o que poderia ser um grande constrangimento para os anfitriões. Maria, percebendo a situação, tomou a iniciativa de falar com Jesus sobre o problema. O episódio das Bodas de Canaã, narrado no Evangelho de João (João 2, 1-11), é um dos momentos mais significativos que destaca como Maria desempenha um papel ativo ao pedir a Jesus que realize seu primeiro milagre, transformando água em vinho. Isso mostra sua capacidade de influenciar e tomar iniciativa. Maria foi a primeira a notar a falta de vinho e a levar a questão a Jesus. Sua ação mostra sua capacidade de observação e preocupação com os outros. Ao dizer a Jesus: “Eles não têm mais vinho” (João 2, 3), ela demonstra sua confiança na capacidade Dele de resolver a situação. Apesar da resposta inicial de Jesus, que poderia ser interpretada como uma recusa: “ Mulher, que temos nós em comum? A minha hora ainda não chegou” – João 2,4 Maria instrui os serventes: “ Façam tudo o que ele lhes disser” (João 2, 5). Isso mostra sua autoridade e fé inabalável em Jesus. A intervenção de Maria pode ser vista como um exemplo de empoderamento feminino . Ela não apenas reconhece um problema, mas também toma medidas para resolvê-lo, influenciando diretamente o curso dos eventos. Sua ação resulta no primeiro milagre público de Jesus. O papel de Maria nas Bodas de Canaã vai além de uma simples intervenção prática. Ela atua como mediadora e intercessora, mostrando que sua influência e importância não se limitam ao âmbito doméstico, mas se estendem ao plano espiritual e comunitário. Vamos avançar ainda mais nessa história. Em Atos 2, 1-4, a passagem começa com os discípulos reunidos em um só lugar. De repente, um som como de um vento impetuoso enche a casa, e línguas de fogo aparecem e pousam sobre cada um deles. Todos ficam cheios do Espírito Santo e começam a falar em outras línguas, conforme o Espírito os capacitava. Pentecostes é uma festa judaica que ocorre 50 dias após a Páscoa. No Novo Testamento, é o dia em que o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos e outros seguidores de Jesus, incluindo Maria, enquanto estavam reunidos em Jerusalém. Este evento é considerado o nascimento da Igreja Cristã. Maria estava presente com os apóstolos e outros discípulos, unidos em oração e expectativa pela promessa de Jesus sobre a vinda do Espírito Santo (Atos 1, 14). Sua presença é significativa, pois ela é a única mulher mencionada nominalmente entre os presentes. A presença de Maria no Cenáculo demonstra sua perseverança na fé e sua liderança espiritual. Ela, que já havia experimentado a ação do Espírito Santo na Anunciação, agora se une aos apóstolos em oração, aguardando uma nova manifestação do Espírito Santo. Assim, que o Espírito Santo desceu sobre todos os presentes, incluindo Maria, capacitando-os a falar em outras línguas e a proclamar as maravilhas de Deus. Além de sua maternidade divina, ela também é uma figura de liderança espiritual, pois sua participação é ativa na comunidade cristã nascente. Sua presença em Pentecostes reflete sua coragem e fé inabalável, servindo de exemplo para todos os cristãos. Nos dias de hoje, Maria continua a desempenhar um papel de intercessora, unindo-se em oração com os apóstolos e preparando-se para a missão da Igreja. Entretanto, porque a necessidade de apresentar Maria e outras mulheres bíblicas como mulheres empoderadas? A resposta é muito simples, diferente do que alguns grupos gostam de pregar as mulheres cristãs não são “moscas mortas” e são grandes símbolos. Ser cristã é fazer a diferença no mundo. Ter fé no mundo atual e não ter vergonha disso é um grande desafio. E ser mulher está longe de ser algo discreto e imperceptível. E mais, muitos “perfis” hoje exaltados por feministas como algo positivo surgiu na verdade entre mulheres de fé, judias. Eis a grande contradição. Mas como dizia um antigo comunicador da televisão brasileira, “nada se cria, tudo se cópia”. E você cara leitora, vai continuar acreditando nas mentiras feministas ou virá se unir ao nosso legado? Quer fazer a diferença? Quer que seus filhos conheçam o verdadeiro lado dessa história. Então, nos apoie nessa luta. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 45
- Complexidade da vida
Nos dias atuais, é muito comum falar de um modo geral sobre o meio ambiente; infelizmente este tema tão importante e fundamental para o ser humano está recheado de interesses outros, que não o ideal, que é tornar nossa presença no planeta mais harmoniosa e contributiva com a natureza. Hoje, qualificar a relação com a fauna, flora, água, minerais e até mesmo entre nós, deve se dar, não porque teremos ou não algum capital, mas porque temos que cumprir com nossa parte nessa grande engrenagem. Quando se propõe um simples exercício de plantarmos uma semente, cuidar de uma planta ou de uma árvore, não se passa pela nossa cabeça que seria tão impactante o fato de dar ainda que um pouco de atenção a um outro ser que se considerava apenas um enfeite posto para decorar o ambiente; quando fui pai pela primeira vez, meu pai me disse: “Agora você tem uma vida para cuidar”, mas neste exercício eu pude perceber que eu sempre tive vidas a cuidar… Quando levei a sério o ensinamento de meu pai, o levei a ponto de me dedicar com muita intensidade, organizando meu tempo, mudando prioridades, reforçando meu psicológico, percebendo sensações e emoções que ainda não havia experimentado; agora com essa nova visão da vida, e esta permeia todo o mundo minha dedicação a esta relação não pode ser menor ou menos intensa que antes, pensando nisso entre outras coisas, descobri o quanto uma atenção voluntária pode mudar completamente toda a minha percepção da vida; que a mesma vida que se manifesta em mim, também manifesta em todos os outros seres. Em resumo, não há como cuidar de mim sem cuidar dos outros e o contrário também é verdadeiro, embora a consciência esteja em estágios diferentes, a vida é a mesma deferindo em quantidade e complexidade e nestes pontos não há como interferir, mas em termos de qualidade eu tenho poder para atuar, e uma vez pondo em prática essa percepção, é inevitável minha responsabilidade em proporcionar a mim e aos outros mais qualidade de vida. Propondo uma reflexão, como é de costume nos meus textos, de alguma forma enigmática esperamos no fim das nossas jornadas, que à hora marcada alguém nos espere, porém este mistério deve ser reproduzido nas pequenas ações do dia a dia. Lembremos que nossa existência é marcada pela dualidade, e que não há nada que eu faça a mim, que de alguma forma, em algum tempo e lugar, não alcance a vida de outro ser. Existe um pensamento atribuído ao imperador Marco Aurélio e posteriormente ao barão de Montesquieu, que expressa o seguinte: " Se não é bom para a colmeia, não é bom para a abelha". Em outro momento, continuaremos a refletir sobre a vida e sua complexidade a fim de construirmos um conceito adequado para este tema tão distante ainda do pensamento humano. Que Deus abençoe nossa jornada!! Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N. 45 – ISSN 2764-3867
- A ciclotimia do sistema anticristão
O mundo subsiste em ciclos. Basta uma breve observação no macro para percebermos isso. Todas as peças absolutamente encaixadas e interdependentes de um sistema solar criado para que tivéssemos as condições necessárias à vida tal qual a conhecemos. Salomão afirma que “ O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; de modo que nada há de novo debaixo do sol . ” ( Eclesiastes 1:9 ). Depois da primavera sempre virá o verão, e inverno nunca vem antes do outono, porque assim é. Foi o que Deus determinou quando as águas do dilúvio baixaram: “ Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão. ” ( Gênesis 8:22 ). O foi criado, literalmente, como uma forma de apoteose desse universo cíclico, perfeitamente ordenado, moldado para que ele, homem, tivesse todas as condições de viver uma vida plena e feliz. É a ordem divina que produz essas condições, e o homem, ao ser criado do pó da terra, nos deixa uma mensagem profunda de inteiração com o elemento de onde foi tirado. Não por acaso o termo “Adão” vem de “Adamah”, que significa “terra”, “barro”, “pó”. Deus poderia ter criado o homem da mesma forma que criou todas as coisas, apenas com a sua palavra, mas preferiu lhe dar um tratamento distinto do restante da criação, e fê-lo pessoalmente. Poderia ter também ter escolhido qualquer outra matéria-prima para nos criar, mas optou pela menos valiosa e mais comum entre todas: o pó da terra. Ao fazer isso duas mensagens ficam claras. A primeira: não somos tão importantes como imaginamos. E a segunda, fomos tirados de um mundo preordenado criado antes de nós, não para modificar essa ordem, mas para interagir com ela, a partir de determinações claras e expressas do Criador. “Ao criar o ser humano, o Criador o fez dentro de certas especificidades contextuais perfeitamente interdependentes, cuja ordem lhe garantiria a manutenção do status quo do Éden, ainda que por “Éden” se entenda uma imagem idealizada de um paraíso na terra ” (Neto Curvina. A Velha Desordem Mundial: A Teologia do Caos. Autografia. 2024.). De forma resumida podemos afirmar que a felicidade e a plenitude do homem está diretamente ligada com o modelo de terra original dos primeiros dias. O sistema sabe disso, e por isso empenha todos os seus esforços para criar todo tipo de desvio que leve o homem a contestar, resistir, combater e rejeitar tudo aquilo que de alguma forma represente essa ordenação, que traga Deus e a fé nele para o centro do debate, que se centralize na tradição judaico-cristã, porque ele – o sistema – sabe que uma sociedade ancorada na Revelação Divina, não é presa fácil para os sistemas de manipulação, exploração e controle que ele implementa, a fim de exercer um controle cada vez maior sobre a humanidade, com o intuito de preparar o mundo para a chegada do “ príncipe que há de vir ” ( Daniel 9:26 ). Então aqui cabe uma análise mais ampla, que evolva os diversos aspectos da natureza e tradição humanas. Se há um conluio de entendimentos entre o que as forças anticristãs querem e o que querem os globalistas e toda a sua vasta gama de faces (comunismo, progressismo, ateísmo, baixo misticismo, etc.), não há prejuízo à lógica afirmar que, no fundo, tudo aquilo que milita contra nossos valores mas caros e ancestrais na verdade é de origem satânica. O apóstolo Paulo dá o tom ao escrever que a nossa luta não é contra coisas visíveis, mas invisíveis ( Efésios 6:12 ). Mas mesmo as coisas invisíveis estão sujeitas às leis do Criador, e não podem agir sozinhas, sem a contrapartida humana, que permite o intercâmbio e a interação de mundos, unidos pelo propósito de desafiar o Deus que gerou a vida e a mantém. Se os agentes das trevas são criaturas espirituais sem tempo de validade, seus instrumentos humanos são temporários, passageiros, por maior que seja sua crueldade e o legado de destruição e terror que deixaram na história, em algum momento ele se vão, e o sistema precisa se reorganizar para então reiniciar sua sanha diabólica de subverter o homem pelo pecado, pela negação de Deus, pela afronta à tradição judaico-cristã. É a ciclotimia do sistema anticristão, autodestrutivo, autofágico, suicida, posto que não tem nada a perder, desde que faça o maior número de vítimas possível. Uma cena do filme “Matrix – Reloaded” (2003) chama à atenção . Nela, o personagem principal Neo tem um encontro com o Arquiteto, que é o responsável pela criação da Matrix, vivido pelo ator Helmut Bakaitis, que diz para o herói que ele não é o primeiro e nem será o último a se insurgir contra o sistema. Obviamente nunca saberemos se o que ele diz ou mesmo as imagens que ele mostra de outros “escolhidos” nas telas em volta da sala são verdades ou não passam de um jogo de desinformação. Mas a ideia de um ciclo de “perde e ganha” atemporal nos parece mais factível do que qualquer outra coisa. Quando Marx, um agente da Matrix, afirma que “A história se repete, a primeira vez como tragédia, e a segunda como farsa” (há quem conteste se a frase foi dita desse jeito), essa ciclotimia do sistema é exposta. O principal teórico do comunismo, ao mesmo tempo uma farsa e uma tragédia, capturou a narrativa dos tempos e a moldou de forma a lidar com o lado caído do subconsciente da humanidade, talhado para o mal, como bem informam as Escrituras em diversas passagens. Sempre foi assim e sempre será. Daí a necessidade de uma produção cada vez maior de zumbis doutrinados. E aqui mais uma vez a arte dá o tom apocalíptico dos destinos da humanidade. Ou será que ninguém percebeu que todos esses filmes sobre um “apocalipse zumbi” não têm absolutamente nada a ver com zumbis, mas com manipulação mental? Há, pelo menos, três tipos de “zumbis”. O primeiro, fabricado pelas drogas, cada vez mais livres e liberadas. O segundo, fabricado pelas instituições de ensino, os zumbis militantes, caricaturas sociais dotadas de uma imbecilidade imensurável. E o terceiro, os zumbis espirituais. Esses são os agentes do sistema para um futuro agora já não mais tão distante. E, assim como nos filmes, não há nada que possa ser feito – além de uma intervenção divina – para evitar que eles se proliferem, tal qual os agentes Smith, que saíam de todos os cantos para infernizar a vida de Neo e seus aliados fora da Matrix. Finalmente, podemos constatar o quanto o sistema é doentio, tal qual seu chefe maior, o diabo. Uma psicopatia que se revela na interdependência de pilares antagônicos e hostis entre si que, se trabalham pelo mesmo fim, hão de se matar ao final, porque de homogêneos não têm nada. Todos militam de forma feroz contra tudo o que remete à tradição judaico-cristã, ou, como diz Paulo, “ Se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto ” ( II Tessalonicenses 2:4 ). E é aqui que se revela o traço mais ignóbil das narrativas anticristãs. Imagine que um lado temos o fundamentalismo religioso raivoso que impera no Oriente Médio, que apoia e sustenta o terrorismo e a barbárie contra mulheres, idosos e crianças, e do outro lado temos a militância progressista das “minorias”, com seu discurso patético sobre identidade de gênero, aborto e outras idiotices woke. Imagine se jogássemos esses dois grupos em uma ilha deserta. O que você acha que aconteceria? Isso é o sistema. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N. 45 – ISSN 2764-3867